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Não é desprezível o consumo de eletricidade das edificações, tanto durante sua construção quanto ao longo de toda sua vida útil. De acordo com o Balanço Energético Nacional de 2020, 52% da energia elétrica consumida no Brasil foi utilizada em edificações dos setores residencial, comercial e do poder público. Na busca por um futuro mais sustentável, é preciso repensar o “edificar” para tornar a arquitetura mais eficiente energeticamente.

Neste contexto, a arquitetura solar está se tornando uma tendência mundial. Os avanços na tecnologia solar fotovoltaica aumentaram significativamente a eficiência dos módulos e a estética está cada vez mais atraente para a integração arquitetônica. Mas o que ainda impede que a tecnologia solar fotovoltaica faça parte dos projetos arquitetônicos de forma mais presente? Aqui estão os receios mais comuns: 1) medo do desconhecido; 2) medo de usar errado; 3) medo de deixar feio; 4) medo do sombreamento; e 5) medo do investimento inicial.

Tais temores são compreensíveis. De fato, apostar no desconhecido, na inovação, pode dar medo. No entanto, esta tecnologia, usada e aprovada por muitas décadas e muitos setores diferentes, já está madura o suficiente e já há vasta experiência real em sistemas fotovoltaicos instalados, em todos os continentes do mundo. Além disso, é possível buscar o conhecimento por meio de cursos ou contratar uma consultoria especializada para guiar os interessados pelo caminho de forma mais segura e tranquila. Com isso, elimina-se também o medo de usar errado. Não existe apenas um modo de usar os módulos fotovoltaicos. Há muitas opções em que os módulos apresentam um alto desempenho, mesmo sem estar idealmente orientados (ao norte, com inclinação igual à latitude local).

E é justamente isso que elimina o terceiro medo, o de comprometer a estética arquitetônica. Existem soluções incríveis para fachadas, pergolados, brises, sheds, coberturas planas ou até curvas. Graças à enorme versatilidade da tecnologia solar fotovoltaica, não há limites para a criatividade!

Então nos deparamos com o quarto medo: o sombreamento. Sim, o sombreamento interfere na geração de energia elétrica. No entanto, muito avanço nesta área já foi feito e hoje é possível escolher tanto módulos quanto inversores mais adequados a cada padrão de sombreamento. Por exemplo, dimensionar sistemas com módulos half-cell, inversores com múltiplos MPPTs (seguidores do ponto de máxima potência), otimizadores de potência, microinversores, entre outras soluções.

Por fim, tem-se o quinto e último medo: os custos. O investimento inicial é, de fato, o maior custo de um sistema solar fotovoltaico. No entanto, é importante destacar que ele é praticamente o único também, já que o sistema opera de forma inassistida, sem custos diretos de operação, e com manutenção baixíssima. Além disso, os preços dos sistemas vêm caindo consistentemente, com custos por metro quadrado atingindo valores inferiores a outros materiais de revestimento. Enquanto isso, o custo da energia elétrica convencional continua aumentando acima da inflação e pesando, cada vez mais, no bolso dos consumidores. Atualmente, o payback da tecnologia está em torno de 5 anos, gerando economia líquida aos consumidores por, pelo menos, 20 anos.

Diante destes fatos, passou a não fazer mais sentido projetar uma nova arquitetura sem levar em conta a energia solar. O melhor momento para pensar na integração dos sistemas é justamente durante a fase de concepção de projeto. Mas, para que a combinação entre tecnologia solar fotovoltaica e arquitetura resulte em soluções comprometidas, na mesma medida, com sua estética e seu desempenho elétrico, é fundamental que os projetistas se familiarizem com a tecnologia e conheçam os impactos de suas decisões.

Neste contexto, torna-se necessário a atuação em parceria. O trabalho realizado por uma equipe multidisciplinar tende a abordar diferentes aspectos de um projeto e pode ser o diferencial de uma empresa rumo ao sucesso.

É preciso, portanto, valorizar a bagagem, habilidades, experiências e competências que cada um traz e agrega a este trabalho, para incorporá-las com eficiência ao projeto em comum. Afinal de contas, o futuro da arquitetura é solar. E o futuro da energia solar está também na arquitetura.